Aqui estou eu, filho de Marias, Josés, Antônios, Lúcias e outros. Fruto do que plantaram um dia nessa terra chamada Brasil, terra dos índios com pouco ou quase nenhum desenvolvimento, que tinham o prazer de servir aos seus deuses e viver seus rituais, terra que foi roubada pelos gananciosos navegadores portugueses, a terra linda de gente inocente agora era posse do homem branco. Por sua vez, os portugueses assim como boa parte da Europa tinham o desprazer de servir ao seu deus e ao seus rituais, era povo triste, cresceram da vontade de enriquecer de uns, e o contentamento em viver de outros. Cresceram sem saber suas origens, mas todos tinham em casa e na cabeça memórias do cristo que havia morrido e supostamente criado uma igreja. O desenvolvimento do homem branco europeu veio da igreja, a Europa se expandiu, os países se espalharam e só se tornaram lugar de gente decente quando poucos, que talvez possam ser chamados de eleitos, decidiram mudar o que não estava certo. A igreja perdeu a força, a ciência tomou conta, resolveram então fazer história, contar alguma coisa para as crianças pra ensinar como o mundo chegou onde estava, Deus e o criacionismo estavam fora de cena para os iluministas, e foi quando houve dúvida que o povo passou a ter certeza. O mundo está uma merda. Lá estavam os homens brancos vivendo um governo predisposto a se tornar a merda que se tornou. Por um lado não foi um fracasso, hoje os estudos de navegação, escrita e outros que foram feitos naquela época foram fundamentais para a comunicação mundial, e consequentemente o auge do desenvolvimento. Por outro lado foi um fracasso total, milhares, talvez milhões de nativos americanos morreram em nome da expansão humana, milhares, talvez milhões de negros foram escravizados em nome da expansão humana, traímos a mãe África, berço do nosso nascimento, e que hoje é tratada como um pedaço de terra descoberta ao longo do tempo. Infelizmente tenho que dizer, ser gente não me deixa assim tão contente. Claro, estamos no topo do reino animal, falamos, pensamos, e temos a capacidade de transformar tudo ao nosso redor, o problema é que agente quer transformar demais, o problema é que as novidades parecem ser destruidoras, e os ideais de desenvolvimento devastadores. A vida real é diferente do que vemos nas telinhas, onde o bem sempre vence o mal, onde a inocência é primordial, onde não querer fazer mal a ninguém é um super poder super respeitado. A história do mundo funcionou bem diferente, o povo que andava pelado, que cuidava da natureza, aquele povo supersticioso não fazia mal a ninguém, aquilo sim é gente. Essa gente que me enche de orgulho. As tribos da África escravizava umas as outras, mas eles não tinham opção, iam oferecer o que ao trabalhador? Pedra? Areia? A cultura de ser escravizado atravessou o oceano, antes passando pela Europa, hoje é terra rica, invejada e promissora, mas aquele lugar não foi conquistado, nem criado, nem desenvolvido por gente, a prova é que hoje está em uma corda bamba, assim como todas as colônias que se dispuseram a servir o homem branco e suas teorias de crescimento, e seus males justificados como evolução. A verdade é que esse povo de armadura de algodão, não lutou metade do que os povos oprimidos lutaram e não vão conquistar metade do que eles conquistaram, uns se libertaram do domínio do homem branco, outros se libertaram dessa vida, mas todos se tornaram livres, algo que só gente de verdade pode experimentar.

AmémSeGraçaePaz