Certo dia, um homem e uma mulher estavam em um avião, sentados um ao lado do outro. Os dois estavam voando pela primeira vez, mas o rapaz não estava tão nervoso, estava de certa forma confiante, ciente de que nada aconteceria de ruim. A moça estava tremendo, suando, e chorando de nervoso. Sensibilizado com a expresão de medo da jovem, o rapaz tentou conversar com ela, parar oferecer uma ajuda ou uma simples distração:

-Primeira vez voando?

-Sim, primeira e última vez!-respondeu a moça, colocando o cabelo atrás da orelha, e olhando de lado para o rapaz.

-Eu também estou voando pela primeira vez, mas não tenho motivos para ficar com medo.-O rapaz lançou um breve sorriso, mas ao ver a expressão de espando da moça, logo voltou a ficar sério.

-Não tem motivos? Você está dentro de um monte de ferro, onde nem os funcionários acreditam na segurança do avião, e o primeiro discurso é sempre o "Em casos de emergência". É como oferecer 3 anos de garantia em um produto, é saber que vai dar errado.-Ela continuou de cabeça baixa, se entretendo com suas mãos, mas quando viu que o rapaz estava rindo, deixou escapar um sorriso.

-Meu nome é Fernando.

E estendeu a mão esperando a moça compartilhar do mesmo gesto, ela demorou um pouco a desentrelaçar as mãos, mas também estendeu a mão, a apertando bem de leve.

-Eu sou Alice, me desculpe estar assustada e estar tentando te assustar.

-Não sou nenhum homem de ferro, tenho meus medos e meus limítes, apenas confio que posso fazer uma boa viagem sem me preocupar.

-Eu deveria estar mais tranquila, é o que todos da minha igreja dizem. Dizem que eu tenho que confiar em Deus, que ele não vai deixar que nada ruim aconteça comigo.

-Não acredito em Deus, mas acho que o nome do piloto é Helyan e não Deus, ou é só um sobrenome- Ele riu, mas viu que a expressão de Alice foi diferente.

-Você não acredita em Deus? Como assim? Como você está tão confiante de que nada vai nos acontecer?-Não foram só as perguntas que fizeram daquilo parecer um interrogatório, Alice estava com uma das sombrancelhas levantadas e olhando fixo para os olhos de Fernando, sem nem ao menos dar uma chance para ele pedir um advogado.

-Nossa, calma! Uma pergunta de cada vez - Alice mudou a expressão, parecendo mais tranquila agora.- Eu não acredito em Deus, a não ser que esse Deus seja a vida, que é a mão de todas as coisas divinas no mundo, e por questões estatísticas eu acredito que nada vá nos acontecer, e se por algum motivo o avião vier a cair, minha vida encerra aqui, e eu fui intenso em cada momento.

-Mas isso é um absurdo! Se esse avião cair, você vai direto pro inferno, por nem crer em Deus. A sua sorte é que eu estou do seu lado, e Deus vai me guardar, e consequentemente te guardar. - Nesse momento Alice se levantou e pegou uma bagagem de mão, e dali retirou uma bíblia sagrada. - Olha, você tem que acreditar em Deus, não tem como não acreditar, ele está aqui, ele tem um chamado na sua vida, ele tem promessas para se cumprir na sua vida, ele pode fazer você parar de chorar, e preencher esse vazio no teu peito, e te levar além, te colocar acima do que você sozinho pode chegar.

-Olha Aline, eu não acredito que há um Deus, eu não acredito que Deus esteja aqui ou em qualquer outro lugar, se o seu Deus tem um chamado na minha vida, eu não sei onde fica, e ele não me prometeu nada, e não tenho motivos para cobrar, e não há vazio no meu peito, eu sou casado, tenho 2 filhos, e isso preenche todo o meu ser, porque os amo, e me dedico a eles. Meu interesse não é ir além, mas é o trazer além a quem não tem ninguém. E eu não preciso de alguém que me faça ser melhor que alguém, eu estudei, fiz as melhores faculdades, e continuo fazendo cursos, pois sim, desejo ser o melhor no que faço.

Aline ficou imóvel, como se ainda estivesse registrando o que Fernando tinha falado, mas olhou para ele, e colocou sua mão no rosto do rapaz, e o ficou encarando por um longo tempo, como se estivesse tentando sensibiliza-lo a novamente ouvir o seu discurso religioso. Mas retornou a mão ao colo, e abriu a bíblia, tentando buscar algo a dizer a ele, e antes qe pudesse declarar uma palavra, ele voltou a falar:

-Não me incomodo com sua crença, nem com a crença de ninguém, mas EU não tenho motivos para crer em Deus, ensino meus filhos a serem bons garotos, e a amarem e respeitarem as pessoas, independente de um Deus. Assim EU penso.

-Isso é um absurdo, espero que Deus arranque esse seu coração de pedra, e te dê um coração de carne, vou orar por você e pra sua família, para que todos sejam servos do Senhor, porque não há como não crer em Deus.- Após dizer iso, ela recolheu a bíblia, guardou de volta a sua bolsa, se levantou e apertou o botão para sinalizar as aeromoças. - Licença senhor, mas não posso me contaminar com impíos.

Fernando deu de ombros. E com um sorriso no rosto, sem entender direito o que aconteceu, colocou seus fones no ouvido e começou a ler um livro.

Essa história foi feita por mim, se tiver ruim, basta reclamar rs. Entenda como quiser o que foi tratado aqui.

AmémSeGraçaePaz